Máquina de Registradores Ilimitados - Teoria e Implementação
A Máquina de Registradores Ilimitados (Unlimited Register Machine - URM) é um modelo computacional teórico proposto por Shepherdson e Sturgis em 1963. Ela pertence à classe das máquinas de registradores, que são equivalentes em poder computacional à Máquina de Turing.
Definição Formal: A URM é uma máquina abstrata que opera sobre uma sequência infinita de registradores (R1, R2, R3, ...), cada um capaz de armazenar um número natural (incluindo zero). A máquina executa um programa consistindo de uma sequência finita de instruções que manipulam os valores nesses registradores.
Este simulador foi desenvolvido com os seguintes objetivos:
A URM foi desenvolvida como uma alternativa mais simples à Máquina de Turing, mas igualmente poderosa em termos de capacidade computacional. Ela surgiu no contexto da teoria da computabilidade, que busca entender os limites fundamentais da computação.
Teorema de Equivalência: Shepherdson e Sturgis provaram em 1963 que qualquer função computável por uma Máquina de Turing também é computável por uma URM, e vice-versa.
A URM opera baseada em quatro operações fundamentais:
Estas operações, embora simples, são suficientes para implementar qualquer algoritmo computável, conforme estabelecido pela Tese de Church-Turing.
Tese de Church-Turing: Qualquer função que possa ser calculada por um algoritmo eficiente pode ser calculada por uma Máquina de Turing (ou equivalentemente, por uma URM).
Sequência infinita de registradores (R1, R2, R3, ...), cada um armazenando um número natural ≥ 0.
Propriedade: Acesso direto por índice
Executa instruções sequencialmente, mantendo o estado atual da máquina.
Componentes:
Sequência finita de instruções indexadas (I1, I2, I3, ..., In).
Formato: Cada instrução é uma tupla (operação, operandos)
O ciclo de execução da URM segue os seguintes passos:
Instrução | Sintaxe | Semântica | Descrição Formal |
---|---|---|---|
Zero | Z(n) |
Rn ← 0 | Define o registrador n como zero |
Sucessor | S(n) |
Rn ← Rn + 1 | Incrementa o valor no registrador n |
Transferência | T(m,n) |
Rn ← Rm | Copia valor de Rm para Rn |
Salto | J(m,n,p) |
PC ← (Rm = Rn) ? p : PC+1 | Salta para instrução p se Rm = Rn |
Nota: O salto condicional (J) é a única instrução que altera o fluxo sequencial de execução, permitindo implementar estruturas de controle como loops e condicionais.
O conjunto de instruções da URM é Turing-completo, o que significa que pode simular qualquer Máquina de Turing e, portanto, computar qualquer função computável.
Esta completude é alcançada através da combinação das quatro instruções básicas, que permitem:
Teorema da Turing-Completude: Qualquer função computável por um algoritmo pode ser implementada usando apenas as quatro instruções básicas da URM.
A URM ocupa um lugar fundamental na hierarquia de modelos computacionais:
Apesar de seu poder teórico ilimitado, implementações práticas da URM possuem restrições:
O simulador implementa limites práticos para prevenir travamentos: máximo de 1000 registradores e 10.000 passos de execução.
O simulador foi implementado usando uma arquitectura em três camadas:
Implementação fiel da especificação URM
Interface entre a lógica e a interface do usuário
Interface gráfica do usuário
Para utilizar eficientemente o simulador, siga este fluxo:
I1: J(3,2,5) // Se R3 = R2, salta para I5 (fim) I2: S(1) // Incrementa R1 (resultado) I3: S(3) // Incrementa R3 (contador) I4: J(1,1,1) // Salta incondicionalmente para I1
Análise de Complexidade: O algoritmo executa em tempo O(n), onde n é o valor em R2.
Correção do Algoritmo: A cada iteração, R1 é incrementado e R3 é incrementado até igualar R2, resultando em R1 = R2 no final.
I1: Z(4) // Contador externo = 0 I2: J(3,4,9) // Se R3 = R4, salta para I9 (fim) I3: Z(5) // Contador interno = 0 I4: J(2,5,8) // Se R2 = R5, salta para I8 I5: S(1) // Incrementa resultado I6: S(5) // Incrementa contador interno I7: J(1,1,4) // Volta para I4 I8: S(4) // Incrementa contador externo I9: J(1,1,2) // Volta para I2
Análise de Complexidade: O algoritmo executa em tempo O(m*n), onde m é R3 e n é R2.
I1: T(2,3) // Copia R2 para R3 (contador) I2: S(1) // R1 = 1 (inicializa resultado) I3: J(3,1,9) // Se contador = 1, salta para I9 (fim) I4: T(1,4) // Salva valor atual de R1 em R4 I5: Z(1) // Zera R1 para multiplicação I6: J(4,5,9) // Se R4 = R5 (sempre falso), salta para I9 I7: S(1) // Adiciona R3 ao resultado (R1 += R3) I8: S(5) // Incrementa contador de multiplicação I9: J(5,4,12) // Se contador = valor original, termina multiplicação I10: J(1,1,6) // Continua multiplicação I11: Z(5) // Reseta contador de multiplicação I12: S(3, -1) // Decrementa contador principal (pseudo) I13: J(1,1,3) // Volta para I3
Nota: A instrução I12 (S(3,-1)) é uma pseudo-instrução. Na implementação real, o decremento deve ser simulado usando outras operações.
Este simulador foi desenvolvido com fins exclusivamente educacionais, utilizando as seguintes tecnologias:
Licença: Este software é disponibilizado sob licença MIT.
O código-fonte completo está disponível no repositório do projeto.
Código-fonte disponível no repositório do projeto.